sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Conto: Anya ( os vai e vem que a vida nos dá)




Era uma tarde de Agosto, 28 de Outubro Anya estava em um ônibus rumo ao campeonato, ela nunca tinha visto um campeonato antes, era de Futsal, mais não era por isso que a mão dela suava, suas pernas tremiam e sua respiração soava ofegante... ele estava lá, more estaria lá
 (Ambos não se tratavam mais assim a muito tempo, porém Anya simplesmente não conseguia tirar essa expressão da cabeça “more”, mesmo que ela o tenha guardado apenas para si, mesmo que as vezes ela o pronuncie inúmeras vezes em silencio, era desse jeito que ela gostava de se lembrar dele).
Ele a convidara para ir ao campeonato depois de tudo ele ainda queria a sua presença e isso a deixara extremamente feliz.
Anya chegou tímida, desajeitada, afinal estar em um local muito povoado não fazia muito o tipo da mesma, preferia a sua tranquila e vazia casa, na qual sempre na sua chegada, estava a sua espera, sua gata e os seus inúmeros livros, aquele sim, era o mundo dela.
O campeonato correu muito bem, fora um verdadeiro sucesso e apesar de Anya não entender nada sobre o esporte, ela também não precisava: Ela estava completamente encantada com Juan, o modo como ele se locomovia, como o seu desempenho era bom, como interagia com os colegas, como era extrovertido e principalmente, como os olhos dele brilharam e a expressão da face mudou quando ele a viu pela segunda vez.
Isso mesmo, Anya e Juan só haviam se visto uma vez, ele pedira um beijo para ela e a mesma simplesmente não conseguiu fazer isso, ela era muito tímida, se sentia muito desajeitada. Anya era uma mulher madura, porém não com muita experiência, obteve alguns relacionamentos com totais insucessos, o que não ajudou muito para que a mesma se soltasse mais, ao contrário, fez com que se tornasse ainda mais tímida e com baixa autoestima.
Anya era muito bonita, era morena, estatura mediana, curvas marcantes e longos cabelos brilhantes, muitos homens se aproximavam dela, todos com segundas intenções, e nada nobres, ela era uma mulher como poucas, ainda acreditava no amor e estava a espera dele, sabia dentro dela que o encontraria em algum lugar, e não dava a menor bola a nenhum deles.
Mais Juan fora diferente: eles se conheceram a distância, através das redes sociais e apesar da timidez e do jeito reservado de Anya, com suas investidas logo se tornaram grandes amigos, inseparáveis. Conversavam sobre absolutamente tudo e ele conseguiu penetrar em um universo que mais nenhum homem foi.
No início a intenção dele era a mesma de todos, uma noite apenas e nada a mais, porém a medida que essa amizade foi durando, as trocas de carinhos, atenções, companheirismo, a suplência de ambas carências que os dois possuíam e principalmente, o beijo que lhe fora negado na primeira vez em que se viram, havia mudado tudo. Ele não sabia o que estava acontecendo com ele, já era um homem vivido, muito mais maduro e bastante safo e agora se via totalmente despreparado para o presente que acabara de cruzar o seu caminho: sim Anya fora um presente, afinal ele nunca conhecera alguém assim, dava para sentir o cheiro do misto da ingenuidade e ao mesmo tempo a malicia de ser mulher, isso o deixará completamente louco.
As conversas nas redes sociais a cada dia se tornaram mais intimas, mais intensas, com mais particularidades... nos grupos nos quais faziam parte todos notavam, dava para sentir o cheiro da hegemonia gigantesca que existia entre os dois, e isso causo muito incomodo.
Afinal Juan também era lindo, inteligente, extrovertido, amigo, companheiro, carinhoso, divertido, dono de uma voz apaixonante, possuía uma legião tão grande de admiradoras quanto a própria Anya.
Juan pouco falava da sua vida, Anya também nunca se importou em perguntar, ela o tinha do seu lado mesmo que a distância, mais ele estava ali e para ela isso era o que bastava.
Porém para os inúmeros fãs de ambos isso tinha que mudar...e um dia numa manhã de Março, Anya acordou as 3:00hrs da madrugada como de costume e o seu” Bom Dia More”, carregado de carinhos, mimos e declarações não fora postado naquele dia...aquilo a deixou muito triste, mais ela pacientemente aguardou. O dia prosseguiu e Juan apareceu como costumeiramente fazei nos grupos, cumprimentando a todos com alegria, prazer e carinho, porém, quando Anya o cumprimentou publicamente, fora totalmente ignorada, aquilo a golpeou duramente.
Sem entender o que estava acontecendo, ela fora no seu particular cumprimenta-lo e perguntar se estava tudo bem, porém apenas o silencio fora dado como retorno. Daí por diante se deu ao início de uma longa jornada de investigações, interrogatórios, seguidos e alimentados por calunias, fofocas, provocações de ciúmes e um imenso desprezo, até subi para o estágio do ódio, isso mesmo, afinal não dizem que o amor e o ódio caminho lado a lado?
Passaram-se longos 5 meses e Anya cansou de tentar descobrir o que acontecera, afinal ela já tinha uma vaga ideia, e essa era uma coisa na qual a mesma custava a acreditar, afinal ela colocar Juan em um pedestal, seria um pouco duro ver que ele apesar de tantos predicativos, possuíra uma mente tão fraca. Durante esse tempo Juan pareceu se acalmar, pareceu perceber que, seja lá o que foi passado para ele, talvez não fosse tão verdade assim, talvez nem houvesse verdade nenhuma nisso.
Durante esse período, Anya continuava a cumprimenta-lo religiosamente nos mesmos horários que ambos faziam, mesmo não sendo correspondida, pois acreditava que cada um só dar aquilo que tem e que ela não poderia exigir de Juan aquilo que no momento, não conseguia dar, ela ao contrário, transbordava dentro de si e sentia a necessidade de colocar para fora, quantas vezes ela se declarava, inúmeras cartas lindas de amor, mesmo sabendo que não receberia o mesmo de volta? Mais Anya não se importava, ela só queria poder botar para fora aquilo tudo, esperando que quem sabe assim esse sentimento louco não passasse, mais não passou...
O que passou fora o tempo, e um belo dia Juan finalmente decidiu responder os cumprimentos diário dela, Anya não acreditava no que lia, achou que fosse alguma brincadeira de mal gosto de outrem e foi necessário que Juan a chamasse de um nome que ela desejou ouvir, ler a muito tempo: “more” ... Anya chorou muito, muito mesmo, como uma criança, mais esse era um choro diferente, afinal não houvera um dia sequer depois que essa amizade fora rompida que Anya não se deixasse afogar em lágrimas de tristeza, mais essas não eram de tristeza, eram de alegria, de muita felicidade.

Porém Juan ficara diferente, frio, distante, não a chamava mais pelo apelido que o próprio criara para ambos, Anya descobriu que ele casara-se, nesse período no qual eles se distanciaram, ele casou-se e isso acabou abrindo em Anya um completo espaço para as dúvidas, será que ele realmente me amava?
Será que foi tudo ilusão da parte dele? Será que ele simplesmente agirá sem pensar? Aquilo tudo estava acabando com ela, mais mesmo assim, o amor que nascera dentro dela era tão grande que a mesma o queria feliz, mesmo que essa felicidade não fosse ao lado dela.
Anya entrou no jogo: passou a cumprimenta-lo menos, rompeu com a sua muitas vezes, incontrolável vontade que sentia em expor os seus sentimentos, enfim ela mudou externamente, assim como fazem todos os corações que são despedaçados. Ela nunca contou a ele que soubera do seu casamento e como não conseguira arranca-lo do peito, decidiu seguir, sozinha, esperando que um dia esse amor impossível simplesmente passasse.
E hoje depois de tanto tempo, lá estava Anya de novo no ônibus, a caminho de encontra-lo, feliz, ansiosa, nervosa, triste, tudo isso ao mesmo tempo, não esperava nada dele além da amizade dele, ela nem queria mais saber o que desencadeara tudo isso, o importante era que ele a queria perto dela, e vocês podem até não acreditar, mais a amizade dele era o suficiente para alimentar o seu coração de Anya.
E quando os dois olhos se encontraram, ela não teve dúvida: ele a amava, apesar de tudo, sim ele a amava. O campeonato acabou, e a turma decidiu comemorar o seu sucesso em um bar, Anya sentou-se tímida de frente par Juan, ele não conseguia tirar os olhos dela, ela não conseguia encara-lo, tudo que ela queria ela correr para os braços dele, dar aquele beijo que ela não deu no ônibus e perguntar porque ele demorou tanto, porque? Mais ela não conseguiu.
Ao levantar-se para ir ao banheiro depois de alguns drinques, no retorno a mesa, para sua surpresa, la estava ele, na porta do banheiro. Eu jamais estaria aqui por minha causa, no mínimo deve estar na fila – pensou.
Mais contra todas as expectativas e circunstancias, Juan agarrou-lhe em um beijo apaixonante, quente, úmido, mais ao mesmo tempo tímido, saudoso, cheio de desejo contido. Eles passaram o que pareceu ser uma eternidade, um sentindo a respiração do outro, os lábios, a pele, o cheiro, a cintura, os cabelos, o volume, a umidade, um do outro.
Ela simplesmente queria congelar aquele momento para sempre, esquecer tudo o que aconteceu, esquecer toda magoa, sofrimento, dor, esquecer o que descobrira, apenas passar por cima de tudo e todos e ficar ali nos seus braços por um minuto que pareceu ser para sempre. Mais logo ela precisou voltar a realidade, o beijo, o momento acabou, e eles seguiram como se nada tivesse acontecido, mais os olhos, as expressões, as línguas, os sexos, eram testemunhas suficientes para que não se esqueçam jamais.
Mais agora ele estava casado, ela não se sentiu no direito de estragar o que ela julgou ser “felicidade”, ela decidiu não interferir, simplesmente decidiu sair da sua vida.
Mais como o destino nem sempre são nossos fieis amigos, Anya recebeu uma proposta quase irrecusável de fazer parte do campeonato, o que para ela além de ser uma ótima oportunidade de trabalho, era também a chance de estar perto de Juan.
Ela simplesmente não resistiu, aceitou imediatamente, mesmo sabendo que poderia ser um sofrimento para o seu coração está tão próximo a ele e ainda assim, tão distante de seu coração ou será que não?

 Autoria: Lindaiá Campos
 #vcnpdeixardeler


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